Melodyne.
Pra quem não sabe o que é, é um programa que afina a voz. Mal comparando, é um photoshop pra som. Menos apurado, mas a idéia é essa.

Quando a gente começou a gravar o disco, jurei pra mim mesma e para o Pepê que a gente não ia usar esse recurso. E o plano foi seguindo adiante. Gravamos as vozes e ouvimos com cuidado. Depois gravei outra vez algumas coisas que tinha reprovado.
E com isso foi ficando cada vez mais bacana.
Mas em alguns momentos uma micro-desafinação incomodava os ouvidos exigentes da cantora. E digo micro não por me gabar, mas sim porque fizemos tudo com calma e muito carinho.
Mas essa mesma micro-desafinação vinha envolta numa boa interpretação, emocionada. E então eu pensava: se a gente re-gravar, vai perder esse detalhe humano. Não quero ficar robô. Quero ser eu. Quero fazer igual no show.
Com isso, optamos por deixar esses momentos mais folgados e menos perfeitos, pois a perfeição nem sempre é o que mais gosto.

Com isso, surgiu a dúvida. Usar ou não usar? O Melodyne parecia um crânio shakespereano.

Decidi que ia usar. De forma bastante branda, mas vou usá-lo. Esse disco não é uma brincadeira. É tão profissional quanto o de qualquer profissional. E pelo que me consta, a esmagadora maioria dos profissionais usa.

Estou contra a opinião do Pepê e do Garrafa, produtores do disco.
Eles acham que a gente não deve usar. Mas respeitaram minha posição e por isso vou fazer eu mesma, no melhor estilo “só quem mexe na minha voz sou eu”.

Como não sou uma expert nesse programa, aliás, em programa nenhum, espero não ter desafinado muito!